O Secretário de Estado da Internacionalização fala sobre os impactos da pandemia de Covid-19 e do relançamento da economia portuguesa junto do mercado externo, nomeadamente na posta em eventos direcionados a empresários estrangeiros, que tem como finalidade potenciar a imagem de Portugal no Mundo.
Investir, inovar e internacionalizar são os objetivos do Governo.
Que balanço é possível fazer sobre o ano de 2021 onde foi feita uma tentativa de relançamento da economia portuguesa?
Queríamos que o ano de 2021 fosse já um ano de recuperação das exportações. Em 2023 queremos chegar aos 44% do peso das exportações no Produto Interno Bruto. O objetivo de 2027 com 50% do peso das exportações no PIB. Estas foram metas alteradas já tendo em conta o impacto da pandemia. O que vai acontecer este ano é que vamos recuperar de forma substantiva o peso das exportações do PIB. Fecharemos o ano de 2021 em torno dos 38 ou 39 por cento do peso das exportações no PIB. Este é já um ano de fortíssima recuperação na área dos bens.
É um objetivo cumprido?
Tenho em cima da mesa fazer de 2021 o melhor ano de sempre de exportação de bens e acreditamos pelas projeções que fazemos, e estamos praticamente no fim do ano, que assim vai ser. Exportámos em 2019 entre bens e serviços cerca 93,5 mil milhões de euros com uma repartição em que 65 por cento, de forma grosseira, eram bens e 35 por cento eram serviços. A componente que são bens vai ter nominalmente um valor superior. A minha expectativa é que o valor possa andar muito perto dos 55 ou 56 mil milhões de euros. Estamos a exportar mais bens do que em 2019, mas a balança de serviços está a recuperar de forma mais lenta e não consegue crescer como gostaríamos.
De que forma se traduziu esse aumento?
Nota-se uma fortíssima recuperação das nossas exportações nos mercados de maior proximidade, em particular em Espanha e França. Em 2020, Portugal ganhou 1,8 por cento de quota de mercado na União Europeia. A expectativa que temos é que se conseguia manter esse ritmo.
Quais são os objetivos para o futuro?
Investimento, inovação e internacionalização. Investimento público, mas muito privado. É muito importante mobilizar investimento privado para aproveitar as oportunidades. Investir em processos de inovação, investigação e desenvolvimento para conseguirmos progressivamente continuar a ganhar valor acrescentado nas exportações que fazemos com mais margem e criando também empregos mais qualificados com melhores salários. E a internacionalização, aumentar o grau de abertura da economia portuguesa.
Estes objetivos vão ao encontro da proposta do Programa Internacionalizar 2030. O que é que o Governo espera concretizar a prazo?
Esperamos não só o aumento do peso das exportações no PIB, um aumento significativo do stock de investimento direto estrangeiro no PIB, tendo nós este ano atingindo um recorde ao ultrapassarmos os 75 por cento do peso investimento direto estrangeiro no PIB. Esperamos alagar a base do setor exportador, ter mais empresas a exportar. Diversificar mercados. Melhorar a combinação entre empresas exportadoras e mercados servidos, procurando aumentar o número médio de mercados servidos por cada empresa exportadora. Esses são objetivos quantitativos e qualitativos numa política de internacionalização, que nos permite ter uma visão de médio e longo prazo sobre a estratégia que o País deve perseguir para aumentar a sua abertura.
Como é que o País é percecionado no exterior?
Portugal não é visto da mesma forma em todas as regiões do Mundo. Procuramos que a nossa imagem seja cada vez mais consistente e portanto que se associe a Portugal valores e atributos, que permitam perceber que Portugal é uma economia desenvolvida e que os seus atores económicos produzem bens de valor acrescentador. Portugal é visto como um território seguro, como um território com gente qualificada e como um território que tem boa qualidade de vida. Estes são aspetos predominantes. A ideia de ter talento é muito pronunciada. Tem como quarto elemento excelente condições de acolhimento dos expatriados, um país tolerante e que acolhe a diferença.
De que forma está a ser comunicada a imagem de Portugal ao estrangeiro?
Comunicamos os produtos que somos capazes de gerar, utilizando as mais modernas tecnologias de produção, a partir dos centros de conhecimento, investigação e desenvolvimento, mostrando que Portugal é um país atrativo para desenvolver novos produtos. Só assim vamos melhorar as exportações, a produtividade da economia portuguesa e melhorar os salários dos portugueses. Não é só atrair talento, é para que o talento que nasceu e se qualificou cá possa permanecer no País com salários melhores.
A SAGALEXPO apresenta-se como evento dirigido ao mercado externo, que tem como objetivo levar os sabores de Portugal pelo Mundo. De que forma estes eventos ajudam a alavancar a economia nacional?
Os eventos que fazem o macthing entre a oferta portuguesa e clientes externos, ainda que alguns desses clientes externos sejam portugueses que vivem espalhados pelo Mundo, permitem-nos fazer chegar novos produtos a clientes diferentes, a canais de distribuição diferentes e contribuem para o aumento das exportações. Acreditamos que o confronto do cliente estrangeiro com os nossos produtos, nos dá oportunidade de mostrar o bom desempenho desses produtos e que por isso eles podem vir a ser transacionados com mais eficácia no exterior. Eventos como a SAGALEXPO permitem-nos fazer esse confronto por isso são muito bem-vindos para podermos diversificar as exportações para diferentes mercados, criar novas oportunidades para pequenas e médias empresas começarem o processo de exportação. São, naturalmente, para quem está na área da internacionalização muito bons instrumentos de prosseguirmos com os nossos objetivos de internacionalizar a economia portuguesa.
De que forma o turismo pode beneficiar com este evento em específico, tendo como referência a participação de empresários vindos 59 países?
Naturalmente, os empresários vêm para a feira para fazer negócios, mas é normal que façam outro tipo de turismo, que aproveitem para visitar Portugal e para conhecer melhor as cidades portuguesas. Muitos sabemos que vão visitar a região de Lisboa e outras regiões. Sabemos que vêm e acabam por consumir para além daquilo que é a vinda à feira e isso é muito bom. Vêm experimentar e conhecer Portugal. A SAGALEXPO será uma ótima oportunidade de mostrar o país.
E ao mesmo tempo promover o País.
Temos de continuar a trabalhar na valorização da oferta portuguesa. É evidente que Portugal é um destino turístico muito bem colocado. Por outro lado, há que fazer uma aposta de reforço na perceção externa de que Portugal é capaz de estar e produzir produtos com elevada capacidade de conhecimento pelos nossos recursos humanos qualificados. Essa é a estratégia de promoção externa que temos do País.